Assisti nesses dias, pela quarta ou quinta vez, o espetáculo Hysteria do grupo XIX de Teatro. Trata-se de uma montagem fantástica, com uma pesquisa histórica apurada de formato poético muito belo. É sempre um novo espetáculo pois, a cada apresentação, o público define o tom de base da atmosfera. O público feminino é convidado a imergir na histeria, ao passo que o público masculino é convidado a se posicionar como platéia.
Outra peculiaridade se refere à incorporação das novidades vindas da platéia no roteiro. As atrizes são "repentistas" que denunciam a possibilidade de lidar com os imprevistos. Aliás são eles (os imprevistos) que constroem a trama do espetáculo. Trata-se de outra espécie de lógica no teatro. E na vida.
A peça se passa no final de 1800, numa época em que qualquer conduta feminina fora dos parâmetros do "bom tom" era considerada histérica. Ex: A moça namoradeira; a casada que não se conforma com a traição do marido; a que exige um plano afetivo mais presente a revelia do lugar de mãe. Todas "histéricas", depositadas num hospital psiquiátrico!
O que mais me assusta é que são apenas 100 anos que nos separam dessa miséria afetiva preconceituosa na cultura .... quanto dela será que ainda não vigora disfarçadamente?
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