Há situações na vida em que o enredo nelas contido, funciona como um filme mais expandido em seu tempo de duração. No cinema, entramos para assistir um filme sabendo quanto tempo deveremos dispor para acompanharmos seu desenvolvimento. Alguma amarra no enredo deve ser feita num prazo médio de duas horas. Talvez seja este um dos fatores de sucesso desse tipo de arte: uma aventura com tempo marcado pra terminar. É, portanto, um mergulho seguro quando comparado, por exemplo, às relações afetivas. Neste último campo, o tempo é mais elástico, podendo durar de segundos a infindáveis anos.
Mas, tal qual no cinema, há tramas que desde o início já sinalizam um desfecho previsível, como boa parte dos filmes americanos. Estes, revelam uma lógica facilmente apreendida, meio batida, com poucas surpresas, mas que demandam uma escolha: ao pagarmos a entrada no cinema e sentarmos na poltrona, escolhemos "acreditar"que o filme nos acrescentará algo, nos provocará emoções impensáveis. Essa é a paga: o filme deve nos proporcionar sentimentos, apesar de conhecermos seu desfecho. A ênfase da experiência recai, então, ao trajeto e não ao ponto de chegada da obra.
Citei antes que devemos "acreditar" na trama para que aconteça o efeito no caldeirão das emoções. Mas, ao longo do enredo, "esquemos" desse acordo interno prévio (esquecimento este, repito, necessário para que aconteça a mágica da ebulição afetiva) e nos vemos logo tentando opinar sobre um final mais surpreendente do filme. Risco no saldo: saímos do cinema irritados com o roteirista, com o diretor e com toda a indústria cinematográfica americana!
Mas, passada a ira, já nos é possível lembrar do acordo inicial e passamos então à possibilidade de escolher melhor os filmes que merecem o investimento do preço da entrada.
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Um comentário:
Entrei, fucei e gostei. Sinceramente egoísta: o prazer foi todo meu rs. PS. encontrei este espaço através do orkut, obrigado.
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