Fernando Pessoa escreveu um baú de poemas para retratar sua melancolia. Tentativa de elaboração, de empréstimo de símbolo ao inominável? Talvez. Não mostrou boa parte de seus poemas a ninguém. Tabacaria nos faz lembrar que corremos o risco de nos apresentarmos descrentes da idéia de alguém nos ouvir ou entender e passarmos a vida parecendo delegar nosso bem estar a uma fórmula mágica que não existe, como se alguém pudesse vir nos resgatar de um lugar árido, desprovido de gente, esgotados em nós mesmos, sem precisarmos nos esforçar para a saída.
Fernando Pessoa, em sua inesgotável sensibilidade e talento, nos mostra o desdobramento de quando não conseguimos nos alienar um tanto de nós mesmos, aliando-nos de maneira ferrenha através de nossos vários heterônimos, para delatar os fracassos das relações dos outros, dos deslocamentos insanos e deleites efêmeros do mundo dos adultos, do mundo das pessoas que tentam, e que, por isso, estão na rota do acerto e erro. É isso, dentre outros tantos fatores, que faz com que sua obra "nos afete".
Ao ficarmos impossibilitados de nos alienar um tanto do campo das nossas fantasias, caçamo-nos ininterruptamente. Tornamo-nos nosso céu e inferno; gosto e desgosto; alimento e inanição... Neste cenário não se pode ficar a vontade com a própria pele. Pessoa “sabia” que, a todo o momento, a angústia pela vida esvaziada de “sentidos a priori", vela a alma dentro do quarto, tendo a janela como denúncia dos vestígios do mundo estranho, de um mundo incompreensível, cruel ou, no mínimo, banal. A janela é outro, é o olhar do outro, é a compreensão do outro, diferente do olho de quem vê.
Apropriarmo-nos disso se converte na tentativa continuada do esforço por nos traduzir aos olhos do mundo, ou então ficarmos trancafiados em nossos "cômodos" incômodos.
Fernando Pessoa, em sua inesgotável sensibilidade e talento, nos mostra o desdobramento de quando não conseguimos nos alienar um tanto de nós mesmos, aliando-nos de maneira ferrenha através de nossos vários heterônimos, para delatar os fracassos das relações dos outros, dos deslocamentos insanos e deleites efêmeros do mundo dos adultos, do mundo das pessoas que tentam, e que, por isso, estão na rota do acerto e erro. É isso, dentre outros tantos fatores, que faz com que sua obra "nos afete".
Ao ficarmos impossibilitados de nos alienar um tanto do campo das nossas fantasias, caçamo-nos ininterruptamente. Tornamo-nos nosso céu e inferno; gosto e desgosto; alimento e inanição... Neste cenário não se pode ficar a vontade com a própria pele. Pessoa “sabia” que, a todo o momento, a angústia pela vida esvaziada de “sentidos a priori", vela a alma dentro do quarto, tendo a janela como denúncia dos vestígios do mundo estranho, de um mundo incompreensível, cruel ou, no mínimo, banal. A janela é outro, é o olhar do outro, é a compreensão do outro, diferente do olho de quem vê.
Apropriarmo-nos disso se converte na tentativa continuada do esforço por nos traduzir aos olhos do mundo, ou então ficarmos trancafiados em nossos "cômodos" incômodos.
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