14/12/2008

Vicky Cristina Barcelona

Nunca fui muito fã de Woody Allen. Seu estilo altamente verborrágico costuma me cansar. Demanda demais do raciocínio, esgota sinapses velhas e as novas que surgem diante de sua obra, são logo engolfadas pelas "explicações" psicologizantes no enredo. Mas gosto de alguns de seus filmes, quando ele consegue explorar outros modos relacionais que não as repetições habituais de sua auto-biografia. Foi assim que me senti diante do Vicky... no qual explora algumas possibilidades de Eros se fazer presente, seja por sua negação, seja pelo desespero, seja pela sua fugaz aparição que sempre nos deixa a sensação de que "falta algo". Mesmo quando não falta parece que, ainda assim, a insatisfação diante do "perfeito" prossegue. Quando o triângulo se estabiliza, o ideal romântico se impõe, ilustrado no filme pela "verdade" seguida à risca por Cristina: "Ela não sabia o que queria, mas sabia o que não queria". Esse filme retrata um tanto a emboscada da perfeição amorosa, denunciada por Jurandir Freire no livro "Sem Fraude, Nem Favor - Estudos sobre o Amor Romântico", no qual busca as origens históricas desse engodo em nossa cultura.
Há filmes que retratam; há os que remetem. Woody Allen retrata, conversa. Outras obras de outros autores e diretores me pegam pelas vísceras, sem me perguntarem nada. Prefiro estes.

Borges

“A certeza de que tudo já foi escrito nos anula, ou nos fantasmagoriza”.

02/12/2008

linguagem

"... é aquilo que se faz com o que se fala"
(Renata Cromberg)